terça-feira, 24 de novembro de 2009

*Carta Aberta à Comunidade Acadêmica da Universidade de Brasília*

Nós, estudantes, professores(as) e servidores(as) da UnB, viemos através dessa Carta manifestar nosso repúdio ao ato de violência machista e sexista, ocorrido no dia 22 de outubro na Universidade Bandeirantes (Uniban - SP), onde a estudante Geyse Arruda foi perseguida, agredida, ofendida e ameaçada de estupro por estar trajando um "vestido curto". As imagens divulgadas através da mídia e na internet, chocam pelo conteúdo agressivo e pelas manifestações de selvageria e barbárie cometidas por grande parte dos estudantes da universidade. Isso demonstra, como o machismo segue atuando de forma brutal no interior da sociedade.

Repudiamos também a direção da UNIBAN, que ao expulsar Geyse Arruda, comete da sua parte também um ato de violência, reproduzindo o machismo e a discriminação da qual a estudante foi vítima, atitude essa totalmente incompatível com uma instituição que deveria cumprir o papel de educar, e não de comercializar diplomas. Acreditamos que o espaço universitário deve ser local de construção de conhecimento que possa contribuir para a superação dos valores, vícios e práticas machistas, e não de referendá-las.

A atitude de julgar a estudante a partir da roupa que trajava, se sustenta nos valores discriminatórios que integram a sociedade capitalista que vivemos, onde as representações sociais da mulher se baseiam numa ótica de subserviência masculina. Ao invés de culpabilizar a estudante pela roupa que usava, é preciso questionar o processo de mercantilização do corpo feminino, e a lógica patriarcal que define que as mulheres não podem decidir o que vestir, o que falar, o que fazer. Na raiz dessa manifestação bárbara ocorrida na UNIBAN, existem os mesmo valores machistas que levam milhares de mulheres a serem vítimas de estupros, violência física e mesmo assassinatos. A agressão contra Geyse é uma violência à todas as mulheres.

Exigimos que a Reitoria manifeste uma posição institucional sobre o caso ocorrido na UNIBAN denunciando a violência ocorrida contra Geyse Arruda bem como a punição aos agressores envolvidos no episódio, inclusive a Direção da UNIBAN. Entendemos que na UnB também são inúmeros os casos de alunas que sofrem com agressões machistas, inclusive sofrendo estupro no interior dos campi. Acreditamos que são necessárias políticas institucionais que coíbam atitudes machistas contra estudantes, garantindo a segurança das mulheres nos campi e políticas de assistência estudantil, como creches, viabilizando a permanência das estudantes na universidade. Também reivindicamos UM Centro de Referência da Mulher e o levantamento dos dados de todos os casos de violência contra a mulher registrados nos 4 campi. Somente com políticas concretas e cotidianas poderemos avançar no combate ao machismo em nossas universidades.
p.s. triste foi olhar os comentários no midia independente, fonte desse manifesto, e ler que o primeiro comentário foi: Alguém salvou as fotos das gostosas peladonas?

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