segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Indignar-se - Texto de Roberto Marques Soares

 A palavra soa estranha, pois indigno significa: aquele que não tem dignidade. Mas indignar-se quer dizer exatamente o contrário; ou seja, ter tanta dignidade que fique profundamente aborrecido com a indignidade alheia.
            Indignar-se significa importar-se. Seria tão bom se as pessoas se importassem mais com as coisas que estão ao seu redor. Parece que o importar-se confundiu-se com a futilidade. As pessoas se importam se você estiver sem roupas, se importam se você for pobre, se importam se você não professar a mesma religião que elas, se importam se você não tiver a mesma cor de pele que elas, se importam se suas preferências sexuais forem diferentes das delas, se importam se seu carro for mais novo e possante do que os delas, se importam se sua roupa for mais bonita do que os delas, se importam se você tiver mais coragem do que elas para ser quem você é. E aí se importam muito.
            Mas isso me deixa indignado. Assim como tantas coisas que sei que não posso fazer muito para mudar, mas também sei que minha parte, muito importante assim como a sua, é não igualar-me pelo descaso, a preguiça, o medo ou a comodidade.
            Não posso acabar com a miséria no mundo, nem com a causa dela, a opressão da ganância dos poderosos; mas posso confessar-me indignado com ela, e não tornar-me conivente com tal sistema.
            Não posso tornar minha cidade mais limpa, talvez nem convencer toda a população a não sujá-la, na verdade não vou nem sair por aí recolhendo lixo; mas nunca vou atirar meu lixo fora do local apropriado, e vou chamar a atenção de meus amigos para isso e continuar indignado pela sujeira das ruas, parques e praças públicas.
            Não posso convencer o mundo a aceitar minha nudez, ou as razões que me fazem sentir melhor vivendo assim; mas posso aceitar a nudez de todos que assim preferirem estar, e indignar-me pelo preconceito dos pobres de espírito que insistirem em distorcer meu ideal.
            Não posso acabar com a violência no mundo, até porque suas causas estão fortemente radicadas aos dois extremos da pirâmide social; mas posso indignar-me e entristecer com as notícias tão alarmantes e muitas vezes horrorosas, assim como não praticar a violência, estimular meus amigos a fazer o mesmo e escolher melhor meus eleitos para que estes tomem atitudes positivas.
            Não posso criar uma consciência civil e ecológica na humanidade, se Deus a fez assim há de haver uma razão; mas posso indignar-me pelo descaso e fazer a minha parte. E a parte de cada um é pura e simplesmente agir de acordo com sua consciência, sendo apenas natural.
            Há quem defenda a idéia de que o princípio do Naturismo, de respeito do indivíduo ao seu próprio corpo, seja confundido com o princípio do Naturalismo; ou seja, respeitar seu corpo é não usar nele nada que lhe possa prejudicar, no vestuário, como na alimentação. Maravilha, parabéns àqueles que forem plenamente felizes e realizados seguindo tais preceitos; muita saúde e vida longa! Mas, não serão também naturistas aqueles que descobrirem que o prazer não é um pecado, mas um dom, apesar de ter seu custo? Não serão também naturistas aqueles que apenas agirem com naturalidade, seguindo seus impulsos apoiados no corrimão da consciência civil e ecológica?
            Fique indignado com aqueles que preferem falar mal das atitudes expontâneas, livres e não corruptoras dos outros, por medo de apenas ser o que gostariam de ser. E mesmo o nosso meio naturista anda tão cheio disso, e é tão triste, dá um dó dessas pessoas débeis, incapazes de serem felizes. Revolte-se, sua revolução não implica em pegar em armas, nem mesmo lutar; basta não cair neste lugar comum.
            Não precisamos viver nus para sermos naturistas, ninguém precisa, basta não ter motivos para se envergonhar não só de seu corpo, mas também e principalmente de sua alma, sua personalidade. Não precisamos todos ser iguais para nos aceitarmos; as diferenças é que vão acrescentar, assim poderemos debater, discutir, crescer e amar.
            É por isso que amo a todos vocês. É, você também. Não pense que eu possa ter algum motivo para não amá-lo, pense apenas na montanha de motivos que eu tenho para amá-lo. Mas fique indignado com quem pensar o contrário, apesar de amá-lo e respeitá-lo como um semelhante seu, com tantos medos quanto você, talvez mais, talvez menos.
            E não se esqueça de se olhar nos olhos no espelho todas as manhãs, nu na intimidade de seu banheiro; sua conduta naturista deve começar por aí, não tendo vergonha de si mesmo, ainda que esteja indignado. Com toda a dignidade.

Naturalmente indignado,
--
Roberto Marques Soares
soarespax@gmail.com
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"A mais alta das torres, começa no solo"  (provérbio chinês)

domingo, 30 de agosto de 2009

Primeira postagem





Estamos começando de novo, em um novo espaço, e com uma nova linguagem. Impulsinados pelo fim eminente do geocities, migramos para um Blog.
Com essa mudança, permanece a vontade de lutar por um naturismo mais ativo no Paraná. Mas, além disso, pretendemos também nos tornar mais dinâmicos, seguindo uma característica de maior agilidade que  os blogs propiciam.
Falaremos aqui de naturismo, essencialmente, e daquilo que creio ser indissociável desta filosofia de vida: consciência ecológica e respeito por nossos semelhantes.
Conto também com a ajuda dos interessados em colaborar para fazermos desse blog o espaço de encontro dos naturistas do Paraná.


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